sábado, 24 de julho de 2010

CAFÉ



Um dia
Você vai entornar de novo
Essa xícara de café sobre si...


Em susto
Vai tremer
Vai pular
E, mais uma vez, me desconectar...


O atordoado perfume do café
Vai se adoçar pelo ar...
Ao seu corpo vai se colar
E de seu gosto, não mais sairá...


Hoje, enquanto me falava,
Entretido com o seu café,
A xícara percebeu mais rápida
Que eu estava dizendo que o amava
E suas mãos, desatentas,
Apavoradas,
Me derrubaram sobre você
Sem me deixar
Terminar de lhe falar....

3 comentários:

  1. Poética hipóstase de um eu, metamorfoseado em café, para, cheiro e líquido, tomar posse de seu objeto amoroso.
    Eliane F.C.Lima

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  2. Adoro essa sua capacidade de transmutar nossa imaginação e de dar voz ao corriqueiro sob ótica dos elementos da percepção do mundo .

    Mario

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  3. Sempre que passo por aqui sonho em pedir uma xícara de café enquanto aprecio seu blog....
    Menina, vc está bem criativa...brincando de modo estimulante com esses hábitos diários aos quais pouca atenção costumamos dar...

    Sergio ( e Lena também, viu)

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