Naquele vez
Na viagem de sexta feira
Dia de cabeça cheia
Não é que havia um cara
Do meu lado
No metrô.
E pela conversa dele _
O mesmo blá, blá ,blá de sempre_
Logo, logo percebi
Que seu nome era Povo.
Personificação ingrata
Quando não se atém à
identidade
A cara fica estranha...
Ora alegre, ora triste
Olhando pra tudo e
Para nada...
Meio perdido no vagão.
E quando falava
Bem, aí ele parecia saber de
tudo:
As últimas dicas quentes do
telejornal
Aquelas coisas de temperatura
mundial
Política e visita papal
Começava um raciocínio
Sobre isso e aquilo
Postura crítica
Análise fria
Mas em vez de completar
Pouco depois se perdia.
Não finalizava...
Ficava na meia palavra
No livro fechado
No título do jornal
Rebatia assim:
Homem em sociedade
É complicado,
Politizado, laico, bem
conectado
A par de tudo!
E pensando em flores
Sonhando com um pouco de paz,
Olhava o santo do lado.
De MAGELA E CARMEM TERESA ELIAS
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